quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

° Sobre Perdas °

Ontem fez um ano que alguém muito especial partiu. Infelizmente no nosso último encontro eu não dei aquele beijo e aquele abraço apertado, que deveríamos dar sempre nas pessoas que amamos.
Mas a morte, certeza de quem vive, chegou mais cedo para aquela criatura iluminada que conheci anos antes, e que cativou toda a família com o seu jeito ‘feliz’ de ser.

Não vou dizer que não doeu, ou que já não dói. As festas na casa da vovó perderam um convidado muito especial. Sinto falta daquele ser, a presença física, com aquela risada e os bordões divertidos que quebravam a minha natural impaciência e antipatia pelo mundo.

Na época eu fiquei sei rumo... Era difícil acreditar que já não seria possível a agradável conversa e as briguinhas...
Parecia que dormia, e que estava em um sonho bom... A expressão facial era a de sempre, sem perder a vaidade, sem perder o charme.
No lugar do abraço e do beijo apertado, o último encontro ocorreu com grande distância... No lugar de horas lado a lado, usei poucos minutos... E ficou uma gostosa saudade, certeza de um reencontro algum dia...
Quem sabe não é?

Depois de dois dias eu consegui chorar. Aliviar o peito e dizer/escrever o que sentia (mas foi apagado).
O segredo que guardava acabou...
É... promessa cumprida, ninguém irá descobrir.

Outro dia tive um pesadelo!
Acordei deprimida sem conseguir separar ‘sonho e realidade’. Outra pessoa querida partia.
Ela sentiu um mal estar e desmaiou. Estava ao seu lado e socorri. Estávamos extremamente ligadas e amigas (não somos assim). Depois o hospital... fui visitá-la e ela falecera. Chorei muito, meus amigos me ajudavam e diziam que eu poderia despedir. Chorando e muito magoada falei:
- Eu não vim aqui pra beijar um cadáver. Eu vim aqui pra beijar a minha avó....
E seguiu a revolta e os pedidos de alguns minutinhos de vida a mais pra ela, para um último abraço e um último beijo, como eu lamentava, suplicava, chorava...

As pessoas podem partir num estalar de dedos.
Agora elas estão do nosso lado. Dentro de nós existe uma magoa guardada como tesouro, mas o orgulho não deixa este ‘tesouro’ acabar. Ou dentro de nós existe um amor maior que tudo, que dura mais que 24 horas no dia... Mas o medo de ser sincero demais fala no nosso ouvido pra gente guardar aquilo mais um pouco.
Um pouco?
Em pouco tempo tanta coisa acaba...

A vida pode mudar tão depressa, temos que ser sinceros com nossas emoções e sentimentos.
Não deixar pra amanhar o que podemos e devemos realizar hoje, agora.
Não viver com uma nuvem de arrependimento sobre nós.




6 comentários:

Anônimo disse...

Ai, q saudades da minha avó... :~

Anônimo disse...

Nem fale Bri...
Só tenho uma viva... tenho mt saudade da que se foi, a gente se gostava demais.
Mas esta vó, a do sonho, gosto dela, mas não somos mt unidas não.
Existem tantas pessoas que as vezes bate aquela saudade...

Bjão

Umapessoafeliz disse...

Menina linda!
Você descreveu e muito bem a sensação de perda, o arrependimento de não termos feito, ou falado, o que nos mandava o coração, enquanto a pessoa que admirávamos, amávamos, estava ao nosso alcance!
Talvez por isso, seja tão difícil aceitar a separação!
Ao mesmo tempo que lia seu texto... revivi minha vida e tive vontade, se pudesse, voltar no tempo e consertar muitas coisas... mas é tarde!
bjão!

°A Dona° disse...

Uilse

Tive que reler o que escrevi.
O meu arrependimento foi grande, pois a doença veio repentinamente.
Eu me recordo do último dia que a vi. Meus defeitos, meu jeito as vezes desagradável de ser; enfim, eu mesma, fui embora sem me despedir de todos enquanto podia. Quem diria que dias depois ela não estaria mais conosco??
Mas nosso penultimo encontro eu me recordo bem do fim, mais uma vez não me despedi, e enquanto ia embora ela gritou meu nome e me deu um 'tchau' com as mãos.. tinha um sorriso no rosto. Retribui o aceno.
Depois, bem, foi tarde demais. No fim de janeiro não estava mais presente..
O velório foi assim mesmo, distância do corpo. Me aproximei uma vez, maquiaram ela, passaram lápis e baton...
Fui embora, não aguentava aquilo, sem contar as outras dores que torturavam minha alma.
hoje recordo dela com uma saudade gostosa no peito.
Toda vez que entro na cozinha da minha avó parece que ela vai estar lavando as louças e me chamando de 'queridona'
Sinto falta sim da presença fisica, sei que não é mais possivel
Mas em nosso coração as pessoas existem eternamente

bjus

Anônimo disse...

Amiga, q bom q vc guarda boas lembranças. É normal bater um arrependimento, mas tenho certeza q vc é uma pessoa de ótimo coração! Tenho certeza de q foi uma ótima neta.

Beijos no coração...

°A Dona° disse...

Ei Bri

Na medida do possivel sou boa com os outros sim. Tenho o costume de ser bem sincera, e não consigo mentir.
Faço sempre a minha parte, não posso viver pelos outros, por mais que quero ajudar e tal..
Mas tento sempre ser boas pras pessoas, trata-las como eu gostaria de ser tratada, acho que temos que ponderar assim.
Sempre digo que a primeira vista (pessoalmente), não pareço ser muito simpatica, mas é coisa minha, e preconceito dos outros que nem dão tempo pra ver quem eu sou de verdade.
Mas com o tempo todo mundo paga a lingua (risos) e percebem que não sou antipatica, mas sim reservada e timida...

Só isso :)